O Brasil nunca chorou direito seus mortos. A pandemia passou como um furacão, levando vidas e deixando silêncio. E ninguém no poder fez o luto necessário. Até que Jerônimo Rodrigues, com sua fala firme e simbólica, propôs esse enterro coletivo. Um enterro não de pessoas, mas de tudo que causou tanto sofrimento. Ele fez o que era preciso: nomeou o luto.
Mas a elite, que prefere empurrar a dor para debaixo do tapete, surtou. Não suportaram a ideia de enterrar um tempo. Porque viveram e enriqueceram nele. A fala de Jerônimo foi acusada de tudo que ela não é. E ignoraram tudo que ela representa: verdade, coragem, humanidade.
Jerônimo fez o que a história cobra. E será lembrado por isso. Porque só se começa de novo quando se enterra o que passou. E ele fez esse gesto — político, espiritual, simbólico — com a dignidade de quem ama demais para aceitar a permanência da dor.
Ele é o luto. E também é o recomeço.

 
     
      
     
      
     
      
     
      
     
      
     
      
     
      
     
      
     
      
     
      
     
      
     
      
     
     